Fascínio do amor proibido

Beleza imortalizada em mármore: o imperador Adriano e Antínoo (Foto: Divulgação)
# O mercado internacional de livros raros registrou, recentemente, recorde de preço surpreendente. Um livro extremamente singular de Fernando Pessoa, com uma inscrição manuscrita pelo próprio, foi vendido em Londres pelo preço recorde de 19.500 libras, cerca de €22.600, equivalente a R$ 140 mil. Trata-se de Antinous: A Poem, obra em inglês que constitui o primeiro livro que o escritor publicou, em edição de autor em 1918. O exemplar em questão, com encadernação em pele vermelha e o título dourado, foi vendido pelo leiloeiro britânico Peter Harrington a um colecionador anônimo.
A obra do poeta português foi vendida por 22 mil euros (Foto: Divulgação)
# Este longo poema erótico e explicitamente homossexual aborda a relação entre Adriano e Antínoo, que o imperador conheceu na Bitínia, atual Turquia e se tornou seu amante. Na biografia Pessoa: An Experimental Life (2021), Richard Zenith descreve Antinous como “o mais sensual de todos os poemas” do escritor, “em que se exalta o amor entre homens”.
Fernando Pessoa escreveu o livro Antinous: A Poem em 1918 (Foto: Divulgação)
# O imperador Adriano, igualmente, inspirou a escritora Marguerite Yourcenar a escrever Memórias de Adriano, obra-prima da literatura contemporânea, publicado em 1951. O livro apresenta uma profunda reflexão sobre a vida, o poder, a mortalidade e a filosofia, através do olhar do imperador romano, que comenta sua felicidade atribuindo-a de ao seu amor por Antínoo, um belo jovem bitínio, que conheceu na Nicomédia. Ele também se sente genuinamente amado por Antínoo, em comparação com as paixões fugazes de sua juventude e o relacionamento sem amor com sua esposa Sabina. Antínoo o acompanhava nas caçadas, demonstrando coragem, virilidade e dedicação. Esta relação homoerótica foi uma das primeiras, senão a primeira, a ser descrita e exaltada com talento por dois grandes nomes da literatura mundial.
Edição em espanhol de Memórias de Adriano com tradução de Julio Cortázar (foto: Divulgação)